Parece piada de país sem seriedade, mas é a mais pura verdade: o país inteiro já especula sobre os nomes denunciados na famosa “lista de Janot”, mas o Supremo Tribunal Federal não a conhece até o momento. Responsável pelo julgamento de 320 políticos envolvidos na Operação Lava Jato, a mais alta corte da Justiça brasileira ainda não abriu os documentos e só deve condenar alguém em 2022.
É uma vergonha a demora do STF em julgar os políticos com foro. Alguns estão em idade avançada e vão morrer antes do ministro Edson Fachin encaminhar o relatório ao plenário para julgá-lo ou absolvê-lo. E ainda tem inocente que acredita em punição.
O caso mais emblemático foi o do senador mineiro Aécio Neves, presidente nacional do PSDB. Delatado pelo ex-senador Sérgio Machado pelo recebimento de propina de R$ 1 milhão, o tucano foi “absolvido” porque o caso prescreveu. E o atraso ocorreu justamente porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demorou de quase meio ano para se manifestar.
E Aécio não será o único. O único que terá condições de punir os envolvidos no maior escândalo de corrupção do país é o eleitor.
A situação é tão ridícula, que a famosa “lista de Janot” está sob segredo e trancada em uma sala do Supremo. Apesar do ministro Fachi não saber, todos os brasileiros restantes já sabem que há 10 governadores na denúncia. Já é de conhecimento público que foram denunciados os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Pimentel (PT).
Outros nomes já foram divulgados, mas ainda falta a identidade do 10º enrolado. Os demais estados aguardam com expectativa o nome do denunciado.
Temer foi citado uma dezena de vezes, mas não foi incluído na “lista de Janot”. Ele até usou o cargo, a residência oficial e o prestígio de vice-presidente para obter propina de R$ 10 milhões. Todos demais envolvidos na obtenção da vantagem indevida foram denunciados, menos o atual presidente.
A impunidade é tão evidente, que fica a pergunta: nunca vamos evoluir? Até quando políticos como José Sarney (PMDB) participam de reuniões com todos os presidentes, mas não são punidos, não são denunciados, não são presos. Até quando a oligarquia vai comandar todas as instâncias da República?
O Supremo só analisou seis pedidos feitos em março de 2015. Outros 44 aguardam na fila da impunidade. Agora surgem mais 83 denúncias. Pelo ritmo de três por ano, os julgamentos só vão ser concluídos em 2044.
Enquanto isso, vamos especulando quem está na lista.