Saiu a famosa lista, que atrasou em decorrência da morte do ministro Teori Zavascki. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cita 320 políticos, sendo 211 sem foro privilegiado, e põe a política brasileira em temperatura máxima, no “inferno”. Com base nas delações de 77 executivos e ex-dirigentes da construtora Odebrecht e petroquímica Braskem, ele põe os principais caciques políticos, inclusive o presidente Michel Temer (PMDB), na berlinda.
A Operação Lava Jato já é o maior escândalo investigado até o momento na história brasileira. Apesar de ninguém com foro privilegiado ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal, com base na primeira denúncia feita há dois anos, a famosa lista de Janot cria grande expectativa para os impactos que causará em Brasília.
Desta vez, o procurador pediu a abertura de 83 inquéritos no Supremo, o que inclui ministros de Estado, senadores, deputados federais e até integrantes do Tribunal de Contas da União. Ele ainda pediu 211 declínios de competência, que envolve acusados sem foro privilegiado que deverão ser julgados nos estados. O MPF pediu o arquivamento contra sete suspeitos e providências contra outros 19.
Os acordos foram assinados nos dias 1º e 2 de dezembro de 2016 e homologados pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, em 30 de janeiro deste ano. As declarações estão inseridas e diretamente vinculadas à Operação Lava Jato.
O sigilo de Justiça deverá ser derrubado ainda hoje pelo ministro Edso Fachin, que sucedeu Teori, morto em “acidente aéreo”. Janot opinou pelo fim do segredo porque defende transparência para garantir o interesse público.
A denúncia vai balançar o Governo Temer, porque é certo o envolvimento de ministros. Apesar do presidente já ter sinalizado que não está nem aí para a denúncia, ou seja, que manterá os acusados de corrupção, ele teme que a denúncia insufle os protestos convocados para o dia 26 de março deste ano.
Apesar dos organizadores, como MBL e Pátria Livre, garantirem que não vão engrossar o Fora Temer, o governo teme porque não há como controlar o povo reunido nas ruas. O pedido de cassação do peemedebista pode surgir apesar das entidades envolvidas serem contra.
No Senado e na Câmara, a denúncia também não deve causar mudanças. Renan Calheiros, líder do PMDB, que já responde a mais de 10 processos relativos a Lava Jato, já mostrou que tem força suficiente. Ele não cumpriu uma liminar do STF e não foi punido pela desobediência.
E como o Supremo é lento como uma tartaruga para julgar os denunciados, muita gente ainda vai dormir tranquila com a certeza da impunidade. Mas, para nós, meros mortais, pelo menos vai ficar a grata satisfação de saber que tem muito corrupto assustado com a lista de Janot.