O Brasil produz cenas grotescas, que, na maioria das vezes, a gente fica até com vergonha de comentar. Esta história do poder de Eduardo Cunha (PMDB), preso desde outubro do ano passado, é uma delas. Mesmo na cadeia e sob as barbas do famoso juiz Sérgio Moro, ele tem força para derrubar e nomear ministros, indicar o líder do Governo no Congresso Nacional e abrir guerra no PMDB, partido do presidente Michel Temer.
O peemedebista não é o primeiro criminoso que detém poder apesar da estar privado de liberdade. O narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-mar, é famoso por estar preso há vários anos, mas ainda comanda o tráfico de drogas, executa inimigos e define o nível de violência no Rio de Janeiro.
Outro exemplo achado é o PCC, a facção criminosa que nasceu nos presídios de São Paulo e ganhou o Brasil. Atualmente, o grupo criminoso, que chegou a firmar um acordo com o governo do PSDB para por fim ao terror nas ruas e presídios, vem comandando uma guerra na fronteira brasileira para assumir o controle da distribuição de drogas.
Quando a gente acha que já viu tudo, surge a história de Eduardo Cunha. Afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal, cassado pela esmagadora maioria dos deputados e preso por determinação de Moro, Cunha está atrás das grades desde outubro do ano passado.
No entanto, há cinco meses, ele detém poder na era Temer. Segundo o ex-presidente do Senado e líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, o presidiário poderoso de Curitiba emplacou o deputado federal André Moura como líder do Governo no Congresso e de Aguinaldo Ribeiro na liderança de Temer na Câmara.
Quando você acha que pode ser pior, aí, Cunha emplaca o deputado Osmar Serraglio (PMDB) no comando do Ministério da Justiça. O paranaense é aquele que postergou ao máximo a cassação do carioca na Comissão de Constituição e Justiça. Ele ainda poderá emplacar o advogado Gustavo Rocha na Casa Civil, no lugar do “doente” e encrencado em delações, Eliseu Padilha.
Renan insinua que os seguidores de Cunha vão à cadeia para ter orientações de como manter a tropa de choque intacta. Carlos Marun até usou verba da Câmara para pagar a passagem aérea e hotel em Curitiba para rever o amigo atrás das grades.
O deputado sul-mato-grossense vem defendendo a derrubada da cúpula do PMDB envolvida na Lava Jato. Renan faz parte do grupo que é alvo da guerra deflagrada por Cunha.
O país que já teve o personagem Macunaíma, de José de Alencar, como exemplo do caráter, precisa encontrar outro para explicar como um criminoso manda na República e ninguém faz nada, simples e revoltante assim!