O Governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) não tem sido bom negócio para o setor produtivo de Mato Grosso do Sul. Desde a posse do tucano, que teve amplo apoio do setor produtivo para ser eleito em 2014, o agronegócio só acumula perdas. Além de sofrer para escoar a safra de grãos em parte do Estado, o setor viu crescer o montante do Fundersul investido em áreas urbanas.
A última derrota da classe rural foi a perda de status com a extinção da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar, que será anexada à Secretaria de Meio Ambiente.
Inicialmente, a expectativa era de que o segmento ganhasse espaço com a eleição de Azambuja, que propagou a história de que foi obrigado a abandonar os estudos para assumir a administração da propriedade rural da família. Ele ainda é proprietário de quatro fazendas, segundo dados da Justiça Eleitoral.
Desde a posse do tucano, o setor sofre com a precariedade das rodovias estaduais. A situação foi agravada pelas péssimas obras de recapeamento realizadas na gestão de Andé Puccinelli (PMDB), que viraram pó no ano seguinte à inauguração.
O escoamento da safra agrícola deste ano foi feito em rodovias em precárias condições, como é o caso da estrada entre Caarapó e Amambaí, uma verdadeira “buracolândia”. Os buracos transformaram a retirada da soja das propriedades um pesadelo em vários regiões do Estado.
Reinaldo ainda destinou mais recursos do Fundersul para recapeamento e pavimentação de ruas no perímetro urbano. De olho na visibilidade das obras para impulsionar o PSDB nas eleições municipais, ele chegou a investir mais da metade do fundo nas cidades.
Matéria do Correio do Estado de setembro do ano passado mostrou que 59% dos R$ 156,7 milhões investidos no terceiro trimestre de 2016 foram para obras de pavimentação urbana. O Fundersul, instituído em 1999 por Zeca do PT sob forte crítica dos produtores rurais, foi mantido por André.
No entanto, Reinaldo fez pior, nãos só manteve, como usou o fundo bancada pelo setor produtivo para barganhar votos nas áreas mais povoadas. O Portal da Transparência informa o valor arrecadado no ano passado com o Fundersul R$ 527,6 milhões, superando a expectativa inicial de R$ 483,4 milhões. Contudo, o Governo não detalha e faz mistério sobre o que foi investido no ano passado.
A última derrocada do agronegócio na gestão tucana foi a extinção da Secretaria de Produção. É primeira vez desde a criação do Estado em 1979, com a posse do primeiro governador, Harry Amorin da Costa, que Mato Grosso do Sul não conta com pasta específica para o setor.
O Estado de Goiás, usado como exemplo por Reinaldo para reforma administrativa, conta com Secretaria de Agricultura. Outro secretário é responsável pelo Meio Ambiente. Praticamente, todos os estados brasileiros contam com pasta específica para tratar do Agronegócio, inclusive São Paulo, o mais industrial entre as 27 unidades da federação brasileira.
Sem uma pasta específica, o agronegócio perde espaço. A agricultura e a pecuária respondem por quase 15% do PIB estadual, com crescimento de 70% entre 2010 (R$ 7,1 bilhões) e 2014 (R$ 12,1 bilhões).
Um dos projetos importantes é a recuperação de áreas degradadas, que soma 9 milhões de hectares. Falta política específica para o gado de corte. Nos últimos anos, o MS chegou a ter 24 milhões de cabeças, o segundo maior do país. Agora, já perde para Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. A caminha para perder o posto de quarto maior rebanho do país para o Pará.
O segmento, que impulsionou o crescimento de várias cidades no Mato Grosso, precisa de investimentos em infraestrutura. As perdas são maiores com o escoamento da produção em estradas precárias. Reinaldo só começou a recuperar neste ano as pontes destruídas pelas chuvas no início de 2015.
Políticas específicas e inovadoras, como o programa Novilho Precoce, instituído na gestão de Pedro Pedrossian, não foram adotadas pelo atual Governo.
A situação é tão crítica que já houve até troca de farpas públicas entre o secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, e a Associação dos Frigoríficos.
De concreto, o setor produtivo só conta com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Jaime Verruck, indicação do presidente da Federação das Indústrias, Sérgio Longen. Ah, mas pasta voltada para a indústria, também não existe.
É a primeira vez na história que se aposta no desenvolvimento do Estado sem um pasta específica para fomentar as políticas econômicas, tanto para a indústria, quanto para o famoso binômio soja-boi.
Na verdade, Reinaldo Azambuja realizou o sonho de Zeca do PT, que teve dois mandatos em atrito permanente com as forças produtivas, mas nunca reduziu o setor ao pó.