Fiel escudeiro de Eduardo Cunha, um dos maiores bandidos da nova República, até na cadeia, o deputado federal Carlos Marun (PMDB) lidera um movimento estranhíssimo com o objetivo de derrubar toda a cúpula do seu partido. Ele vem colhendo assinaturas para destituir os envolvidos, pasmem, na Operação Lava Jato. É ou não muito estranho?
O novo discurso de Marun, que preside a Comissão da Reforma da Previdência, é, no mínimo, suspeito. Antes do amigo Eduardo Cunha ser cassado e preso, ele bufava que ninguém poderia ser condenado e julgado com base em indícios. Apesar do “brother” estar envolvido em suspeitas de corrupção desde 1990, o sul-mato-grossense o considerava na mais alta conta.
Depois de ser colocado atrás das grades pelo juiz Sérgio Moro, Cunha segue frio e calculista. Ele continua mandando na República de Michel Temer com o mesmo poder do narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-mar.
Mesmo preso, Cunha emplacou o aliado André Moura na liderança do Governo no Congresso Nacional. Seus aliados estão no comando de vários órgãos federais, como a EBC, com Laerte Rímoli.
E continua emitindo sinais de que não morrerá sozinho se não for salvo. Marun se comporta comos e ainda continuasse integrando a tropa de choque do ex-presidente da Câmara dos Deputados. A estratégia de minar o poder da cúpula do PMDB, toda envolvida em desvios de recursos da Petrobras, pode ter o objetivo de fortalecer Cunha para negociar com o Governo.
Marun passou a usar os argumentos que sempre rebateu: de que ninguém pode ser condenado sem sentença judicial. Agora, ele mudou de lado e deseja “limpar” o partido de gente enrolada em denúncias. É ou não estranha esta mudança súbita de lado do deputado federal sul-mato-grossense?