Fairte Nassar Tebet recebe pensão de R$ 31.938,03 (valor de janeiro deste ano) de Mato Grosso do Sul porque o marido, o senador Ramez Tebet, foi governador do Estado por 10 meses – de 14 de maio de 1986 a 14 de março de 1987. Ela é mãe da senadora Simone Tebet (PMDB), que vai votar a Reforma da Previdência, a proposta mais severa e maldosa, especialmente, com as mulheres.
A viúva de Tebet, Pedro Pedrossian e Marcelo Miranda Soares, fazem parte da lista de “privilegiados” por receber pensão ou aposentadoria de ex-governadores. Segundo reportagem do G1, publicada nesta segunda-feira, os governos estaduais gastam R$ 35,8 milhões por ano com este benefício.
Pedrossian governou o Estado por duas ocasiões (1980/83 e 1991/94) e recebe aposentadoria mensal de R$ 30.471,11. Como já governou o estado vizinho, ganha mais R$ 24 mil, segundo o G1, o que totaliza R$ 54 mil por mês. O ex-governador só recebe este valor porque travou uma guerra na Justiça para não ter o valor reduzido no Mato Grosso.
Marcelo Miranda também ganha R$ 30,4 mil por ter sido governador biônico de junho de 1979 a outubro de 1980 e eleito para o período de março de 1987 a 1991. No PMDB na época, ele foi beneficiado pelo frustrado Plano Cruzado de José Sarney e saiu pelas portas dos fundos após ter a Governadoria ocupada pelos servidores sem salários.
O caso da viúva de Ramez é curioso. Ele só governou o Estado por exatos dez meses, de maio a março do ano seguinte. Este “hercúleo” trabalho deu direito à esposa o pagamento de pensão de R$ 31.938,03, que ainda é pago, segundo o Portal da Transparência do Governo Estadual.
A pensão vai ser um dos benefícios mais atingidos pela reforma da Previdência encaminhada ao Congresso Nacional pelo presidente Michel Temer (PMDB). Ele propõe o pagamento de apenas 50% do valor pago, por exemplo, ao marido em vida. Além disso, a viúva não terá o benefício vinculado ao salário mínimo. Isso significa que o valor da pensão vai sofrer defasagem ainda maior.
Além disso, Temer propõe que a trabalhadora só passe a ter direito a aposentadoria aos 65 anos, contra os atuais 55. Não bastasse ter que trabalhar mais 10 anos, só receberá o provento integral se contribuir por 49 anos para a previdência.
Simone e os senadores Pedro Chaves (PSC) e Waldemir Moka (PMDB) fazem parte da base de Temer. O PMDB faz a maior ofensiva da história para aprovar a reforma, condicionando à sua aprovação a manutenção de projetos como o Minha Casa Minha Vida, Prouni, Bolsa Família.
Só para concluir, uma observação: os governadores que ficaram no cargo por 16 anos (Wilson Barbosa Martins, Zeca do PT e André Puccinelli) não recebem aposentadoria.