É estarrecedora a situação do transporte coletivo de Campo Grande, que está velha, sucateada e, espantosamente, caindo aos pedaços nas ruas. Enquanto usuários correm risco até de vida, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) faz conluio com o Consórcio Guaicurus, formado pelas “eternas” concessionárias do serviço público.
O mais triste é constatar que a mudança é o retorno ao antigo esquema que predominava na cidade.
Reportagem do jornal Campo Grande News, publicada no sábado, mostrou que a idade média da frota dos ônibus urbanos é de sete anos. A constatação é do diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Delegados), Vinícius Leite Campos. A idade média permitida pelo contrato é de cinco anos.
O que deveria fazer o órgão regulador, responsável por garantir a segurança dos 210 mil usuários transportados diariamente, multar o grupo e cobra providências.
No entanto, para azar do campo-grandense, o que fez a equipe de Marquinhos Trad: adiou a vistoria para não flagrar a irregularidade sabida e notória. Campos não ficou nem vermelho em admitir que só fará a fiscalização quando chegarem os 91 ônibus novos – que foram anunciados no início do ano passado por Alcides Bernal e já se tornaram filhos de Trad – em abril deste ano. Com os novos veículos, a idade média do transporte cai para 4,9 anos, no limite permitido pela lei.
Para desgraça do usuários – e do prefeito – na manhã de hoje, um ônibus velho ficou sem a porta durante a viagem entre o Bairro Moreninha e o Shopping Campo Grande. Por pouco, passageiros não foram jogados no caminho. Seria a maior tragédia desde 1996, quando um trem desgovernado bateu no ônibus e matou várias pessoas na Avenida Costa e Silva.
Em decorrência da falta de fiscalização e da precariedade, o transporte coletivo perde passageiros a cada ano em Campo Grande. Os ônibus são velhos, vivem superlotados e cobram um caro pela porcaria que oferecem. E tudo com a conivência do prefeito, infelizmente.
A situação precisa mudar e isso só vai ocorrer quando o brasileiro acordar. Um transporte coletivo com qualidade e segurança representa mais segurança e menos mortes no trânsito.