A Reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer (PMDB) vai transformar o Brasil em fábrica de miseráveis. Além de ser a mais rigorosa no mundo – a maldade supera a de países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha – a proposta vai criar outro grave problema social: uma legião de idosos e viúva sem salários, doentes e na miséria.
Reportagem do jornal El País já mostrou que em 19 cidades, os moradores vão morrer sem atingir a idade mínima para ter direito a aposentadoria. Ou seja, a maldade é tanta, que muitos brasileiros vão morrer sem saber o que é aposentadoria.
Defendida pelo deputado Carlos Marun (PMDB), presidente da comissão especial e incansável aliado de Eduardo Cunha (PMDB), a reforma exigirá, no mínimo, 25 anos de contribuição para ter direito ao benefício. Só para se ter ideia do castigo imposto aos brasileiros, na Alemanha, um país rico e menos desigual do que o Brasil, o tempo mínimo é de cinco anos. Nos EUA, esse tempo é de 10 anos, segundo reportagem da Folha de S.Paulo de hoje.
Pela proposta de Temer, se o trabalhador não contribuir por 25 anos, pode completar até 80 anos, mas não receberá um tostão do Governo. Em um país onde mais da metade dos trabalhadores vivem na informalidade, será uma catástrofe.
Para ter direito ao benefício integral, os EUA exigem 35 anos. Temer planeja impor o sacrifício de 49 anos de trabalho ininterruptos aos brasileiros para pagar a aposentadoria integral, seis anos a mais do que a idade da aposentadoria do presidente. O peemedebista se aposentou aos 55 anos de idade.
Em Mato Grosso do Sul, a aposentadoria vai se transformar em miragem e nunca será concedida aos trabalhadores da zona rural, que não chegam aos 65 anos.
O caro leitor pode se perguntar, e daí? Simples, vamos ter um número espantoso de velhos passando fome, vivendo nas ruas e nas praças, pedindo esmola.
Reforma excludente semelhante foi implantada no Chile, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet. Na época, todos os chilenos foram obrigados a contribuir com a previdência privada. Atualmente, os trabalhadores estão se aposentando e descobriram que os fundos privados faliram. Outros ainda descobriram que só tinham direito a receber uma aposentadoria de R$ 3 (isso mesmo, insuficiente para pagar um passe de ônibus em Campo Grande).
O Brasil tem condições de realizar uma reforma menos excludente, menos marginalizante, menos elitista. O esforço deve ser para reduzir a miséria, não para engrossá-la.