A Câmara Municipal teve uma das legislaturas mais vergonhosas da sua história nos últimos quatro anos – mais da metade dos vereadores se envolveu em escândalos de corrupção. Renovada, com novos integrantes, a atual legislatura mostra que voltará a ter a mesma atuação adotada na época do pastor Gilmar Olarte. Não bastasse isso, o legislativo municipal quer fechara portas para o povo.
Na gestão de Alcides Bernal (PP), os vereadores viviam armados para a guerra e fizeram o possível para infernizá-lo. Tiveram uma atuação mesquinha, como congelar o IPTU e suspender a cobrança da taxa de iluminação pública. Essas duas medidas contribuíram com a crise nas finanças municipais, como o atraso no pagamento dos salários e de fornecedores.
Na abertura oficial do ano legislativo, ontem, todos os vereadores sinalizaram que vão voltar a atuar como na gestão de Olarte, onde todos os projetos enviados pelo Poder Executivo eram analisados a partir da premissa de que eram bons para a cidade. O resultado foi o caos, já que com 14 meses de mandato, o então prefeito parcelou os salários dos 22 mil funcionários.
Ou seja, estava tudo bem entre o prefeito e os vereadores, mas o caos imperava na cidade. Nenhum vereador denunciou ou descobriu a roubalheira denunciada pelo Gaeco à Justiça, porque estavam trabalhando pela cidade.
Inicialmente, é claro que Marquinhos Trad (PSD) precisa de um voto de confiança. No entanto, o apoio não isenta o vereador de fiscalizar a gestão municipal, como acompanhar a nomeação dos cargos comissionados, considerando-se que o discurso do chefe do Executivo é reduzir o gasto com a equipe. Contudo, as edições extras do Diário Oficial trazem dezenas de páginas com nomeações e mais nomeações.
Não bastasse a mesma atuação de outras épocas, em que aceitam todas as sugestões do chefe do Executivo, os vereadores querem adotar medidas para se distanciar do povo. Como só vão precisar de votos em 2020, eles querem proibir a circulação dos eleitores pelos gabinetes.
Outros vereadores já anunciaram que não darão mais sacolão, passe de ônibus, consulta médica, etc. André Salineiro discursou que só fará o papel de um vereador, que é fiscalizar o Executivo, e não praticará o tradicional assistencialismo.
Infelizmente, a população ainda precisa recorrer aos vereadores para obter o básico: uma cesta básica, vaga no hospital para um parente gravemente enfermo, vaga na escola perto de casa, quebra mola na rua com muitos acidentes, operação tapa buraco no bairro, entre outros.
Ao afastar o povo do gabinete, o vereador vai criar sua própria ilha da fantasia, de que está tudo bem no reino, enquanto o povo se afunda na miséria.
O vereador é o político mais próximo do povo. Se ele romper esse contato e só ouvir o prefeito, é melhor fechar a Câmara Municipal, porque está ocorrendo um gasto desnecessário.
Os parlamentares devem fiscalizar o Executivo e manter as portas abertas a todos, sem exceção.