É estarrecedor, bárbaro e trágico o crime do lava jato na Vila Morumbi. Mais estúpida ainda é a lógica da investigação policial, que tentou minimizar a tragédia: dois homens violentam um adolescente com mangueira de pressão e permaneceram em liberdade, correndo o risco de responderem por pena mais leve.
A história só ganhou gravidade nos meios policiais após a morte do menino. Ele não sofreu uma simples agressão. A estupidez dos dois acusados o arrebentou por dentro. Mesmo que permanecesse vivo, pobre criança, teria sequelas gravíssima pelo resto da vida.
Devido ao tratamento dispensado no início pela polícia, o caso corre risco de repetir outros crimes bárbaros que caíram no ostracismo sem a punição a altura. A morte do garoto de 17 anos após ser violentado no lava jato poderia ser a primeira com pena exemplar.
Mas o risco é de ser mais um a chocar a sociedade, mas ficar impune. Este caso já é o segundo do ano. O primeiro ocorreu na véspera: o assassinato do empresário Adriano Correia pelo policial rodoviário federal.
Desde o início, os policiais mostraram-se mais preocupados em descobrir podres na vida da vítima o que apurar a estupidez do crime. A delegada responsável pela investigação até dar detalhes de como pretendia descobrir se o empresário estava bêbado na manhã do crime. O caso ainda segue sob investigação feita em meio a muitas suspeições.
Outro caso foi da jovem agredida pelo filho de um médico com golpes de cadeira na virada do ano. O caso ganhou repercussão após a imprensa divulgar e falhar a tentativa de abafar o escândalo. Após idas e vindas, a pena foi mínima e o caso caiu no esquecimento.
Apesar de ser a Capital do Estado, Campo Grande tem ares de fronteira quanto à impunidade. A execução do delegado aposentado Paulo Magalhães no Jardim dos Estados, área nobre e uma das mais caras da cidade, segue sem desfecho após quase quatro anos.
O Caso Motel, como ficou conhecido o assassinato do estudante Murilo Alcade e da garota de programa Eliane Ortiz, é emblemático e exemplo acabado de como a impunidade faz parte do nosso cotidiano, como a corrupção no Brasil.
Quando vamos nos indignar a ponto de as autoridades terem ciência de que a impunidade é anormal e deve ser extirpada como um câncer da nossa convivência, para que a civilização impere, a Justiça prevaleça e possamos avançar no combate à violência.
Só se combate o crime com punição, não há outro jeitinho nem solução misteriosa.