A operação contra a corrupção contra os auditores fiscais mostra o quanto a nossa sociedade é refém de criminosos. A investigação do Gaeco mostra que somos vítimas de gente sem caráter, que recorre a meio escusos porque é bandido mesmo e não tem caráter, não por falta de dinheiro.
O auditor fiscal, antigo fiscal de renda, faz parte da elite do funcionalismo estadual e ostenta os maiores salários do Poder Executivo, chegando a ser de cinco até 10 vezes superior ao vencimento pago a um professor, por exemplo, que tem jornada muito mais exaustiva.
Ao recorrer à corrupção, o auditor burla a lógica que é usada para lhe pagar melhores salários. Como o Estado depende da arrecadação para movimentar a máquina, remunera bem, muito bem, a quem cabe o papel de fiscalizar o pagamento dos tributos. O salário é alto exatamente par ao servidor não cair na tentação de usar o cargo para obter “benefícios extras”.
No entanto, conforme a apuração do Gaeco em quatro cidades do Bolsão, não bastasse pagar uma das mais altas cargas tributárias do país, o contribuinte sul-mato-grossense ainda é vítima de quadrilha infiltrada no fisco. Bandidos recorrem à extorsão e cobrança de propina para achincalhar empresários da região.
É um caso gravíssimo e que merece punição exemplar. Espera-se, pelo menos, que os acusados fiquem afastados dos cargos durante a investigação, julgamento e até sentença judicial.
O caso não deveria tramitar em sigilo, principalmente, pela impunidade que marca o segmento. É rara a condenação de integrantes da elite do funcionalismo público por corrupção. A transparência é necessária para a sociedade acompanhar a situação e ter certeza de que não houve o tradicional “jeitinho brasileiro” para livrar os amigos.
Os criminosos devem ser extirpados para que se valorizem os bons auditores. A sociedade não aguenta mais pagar imposto para sustentar organização criminosa e a máquina pública.