O empresário Fahd Jamil Georges, o Fuad Jamil, conhecido como “rei da fronteira” nos anos 90, e o filho, Flávio Correia Jamil Georges, o Flavinho, seriam chefes da suposta organização criminosa em Ponta Porã. Além de dar suporte para o grupo de extermínio chefiado por Jamil Name, 81 anos, e Jamil Name Filho, 42, eles contrabandeavam armas de grosso calibre e seriam os mandantes de três execuções, sendo duas na Capital e uma em Bela Vista.
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Conforme a denúncias do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), eles tinham um verdadeiro bunker na Fazenda Três Cochilhas, em Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande. O local conta com forte esquema de segurança, passagens subterrâneas e depósito de armas.
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O serviço de inteligência policial suspeita que o local é usado para abrigar pistoleiros que atuam a serviço das duas organizações criminosas. José Moreira Freires, o Zezinho, e Juanil Miranda Lima, acusados de matar o universitário Matheus Coutinho Xavier, teriam se escondido na propriedade. Eles continuam foragidos.
As revelações constam do despacho do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, que decretou a prisão de 20 envolvidos nas duas organizações criminosas, inclusive do ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Jerson Domingos.
É a primeira vez que a Polícia Civil envolve o poderosíssimo empresário de Ponta Porã com o crime organizado. Revelações feitas pelo site The Intercept Brasil apontam que o contrabando de armas era feito desde os anos 70 durante a ditadura militar. Fuad Jamil chegou a ser condenado a mais de 20 anos de prisão pelo juiz federal Odilon de Oliveira, então na 3ª Vara Federal de Campo Grande, mas acabou absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
O Gaeco cita que ele foi retratado pela mídia do Paraguai como o último grande patrón da fronteira. Em maio do ano passado, quando a Jamil Name desconfiou das investigações, ele enviou o filho para ficar escondido na casa do rei da fronteira em Ponta Porã.
Fahd Jamil e Flavinho são acusados de serem os mandatos de três crimes bárbaros para vingar o desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, filho de Fuad. A principal suspeita é de que ele foi assassinado.
Para vingar o crime, eles teriam ordenado a morte de Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o Betão, que foi encontrado com o corpo metralhado e carbonizado dentro de caminhonete em Bela Vista.
Outra execução ligada ao crime seria do sargento da PM, Ilson Martins Figueiredo, chefe da segurança da Assembleia Legislativa, que foi metralhado na Avenida Guaicurus, em Campo Grande. A terceira seria o assassinato do ex-segurança de Jorge Rafat, Orlando da Silva Fernandes, o Bomba, morto com tiros de fuzil na Avenida Amazonas.
De acordo com o Gaeco, Jamil Name repassou R$ 130 mil para Flavinho por meio da esposa, a ex-vereadora Tereza Name. O primeiro repasse, de R$ 20 mil, teria ocorrido em 15 de maio de 2016, um mês após o assassinato de Betão. No dia 21 de setembro de 2018, o empresário repassou R$ 90 mil, outra coincidência, logo após a execução de Bomba.
A polícia descobriu o depósito de R$ 2,5 mil por Flavinho para o policial federal Everaldo Monteiro de Assis, preso na primeira fase da Operação Omertà. A suspeita é de que ele recebeu a propina para fornecer dados sobre as vítimas das execuções.
Com base nessas informações, o juiz decretou a prisão preventiva de Fahd Jamil, do filho e de outros acusados de integrar a organização criminosa, como Marco Monteoliva, Frederico Maldonado Arruda e Melciades Aldana. Thyago Machado Abdul Ahad é acusado de ser um dos pistoleiros a serviço do grupo.
Vivendo na fronteira, conhecida por ser terra sem lei pelas execuções diárias, Fahd Jamil não foi localizado pelos policiais e promotores envolvidos na Operação Omertà 3 nesta quinta-feira. Quando foi condenado por Odilon, ele ficou foragido até ser absolvido pelo TRF3 em São Paulo.