O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), revogou a aposentadoria e demitiu o guarda municipal José Moreira Freires, o Zezinho, condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato do delegado Paulo Magalhães. Com a decisão, publicada nesta quinta-feira (28), ele perde o benefício mensal. Antes de se aposentar, o salário era de R$ 2,3 mil por mês.
Zezinho está foragido desde maio do ano passado, quando deixou de cumprir a determinação judicial de comparecimento mensal em juízo. Ele é acusado de ter executado o estudante Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, em 9 de abril de 2019. No mês passado, a Justiça determinou a inclusão do seu nome na lista vermelha da Interpol.
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Conforme o Ministério Público Estadual, José Moreira Freires executou Magalhães a tiros no dia 25 de junho de 2013. Ele se aposentou por invalidez cinco anos depois, no dia 26 de junho de 2018. Em agosto daquele ano, ele foi condenado pela morte do delegado a 18 anos e seis meses de prisão em regime fechado.
Em despacho publicado hoje, o prefeito anulou o decreto que concedeu aposentadoria proporcional por invalidez a Zezinho. Na época, ele tinha salário de R$ 2.345 como guarda municipal 3ª classe. O cancelamento é resultado da Comissão de Processo Disciplinar.
O Jacaré procurou o secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja, e a assessoria do município para saber o valor da aposentadoria de Zezinho, mas não houve retorno. No Portal da Transparência, ele não consta da folha de pagamento do Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande.
Além de cancelar a aposentadoria, Marquinhos e o secretário municipal de Administração, Agenor Mattiello, determinaram a demissão de Freires. Com a decisão, ele passa a ser oficialmente ex-guarda municipal, denominação já repetida a exaustão pelos veículos de comunicação desde a condenação pela morte de Magalhães.
No ano passado, Zezinho foi alvo da Operação Omertà, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) e pelo Garras, a tropa de elite da Polícia Civil. Ele passou a ser acusado de integrar o grupo de extermínio chefiado pelos empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42. Os dois estão presos desde 27 de setembro do ano passado.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul reviu a sentença e reduziu a condenação de Zezinho pela execução do delegado de 18 anos e seis meses para 15 anos.
No mês passado, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, em substituição na 2ª Vara do Tribunal do Júri, autorizou a Força-Tarefa da Polícia Civil a reabrir o inquérito que apura o assassinato do delegado. O objetivo é descobrir os mandantes da execução.
A polícia descobriu novas pistas com a Operação Omertà, que apura a atuação de grupo de extermínio na Capital, que pode ser responsabilizado por outras execuções, como do chefe da segurança da Assembleia Legislativa, o sargento Ilson Martins Figueiredo, o ex-segurança do empresário Jorge Rafat, Orlando Fernandes, o Bomba, e Marcel Colombo, conhecido como plaboy da mansão.