Em uma terrível coincidência ou sem se preocupar com o debate na sociedade, a Câmara de Campo Grande assinou três contratos para gastar aproximadamente R$ 175 mil com a compra de certificados e medalhas para homenagens e sessões solenes. A divulgação dos gastos ocorre em meio aos ataques do deputado federal Loester Trutis (PSL) de que o vereador deveria se preocupar com os problemas da cidade e não se limitar a moções de congratulações, que não possuem nenhum efeito prático.
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A guerra começou com postagem do parlamentar no Facebook, em que condenava as moções de congratulação. O vereador delegado Wellington de Oliveira (PSDB) mordeu a isca e comandou a reação do legislativo municipal aos ataques do pesselista. A Câmara aprovou moção de repúdio contra o neófito na política.
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Repetindo as palavras de baixo calão que o tornou popular nas eleições do ano passado e lhe garantiram o mandato de deputado federal, Tio Trutis não se intimidou e colocou em xeque o trabalho dos vereadores. Na sua avaliação, dos 29 integrantes da Câmara, só meia dúzia se preocupa com os problemas dos moradores da Capital. “Moções são uma porcaria”, vociferou.
Alheia ao apoio dado ao neófito político nas redes sociais, a Câmara publicou a contratação de três empresas para a confecção de materiais para as homenagens, que somam R$ 174.740.
A microempresa Solange Maia de Oliveira ficou com dois contratos. Pela confecção de pastas para certificados para uso nas sessões especiais, a Câmara vai gastar R$ 30 mi em 12 meses. Pelo mesmo período, o gasto com medalhas de mérito e caixas para acondicioná-las vai ser de R$ 129.540.
Já Patrícia Barreto Miranda receberá R$ 15,2 mil para fazer placas de homenagens com estojo, conforme resumo do contrato assinado pelo presidente da Câmara, João Rocha (PSDB).
Não é única ação do legislativo fora de sintonia com os moradores da Capital. No final do ano passado, apesar das críticas nas redes sociais e de manifestações, os vereadores aprovaram reajuste de 47% nos próprios salários.
Com o aumento aprovado em dezembro, o subsídio de um parlamentar na Capital saltará dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 22.102,48 em 2021.
Em 2017, apesar de a população sofrer com a crise econômica, os vereadores aprovaram a criação da taxa do lixo, que elevou o valor pago pela limpeza pública em até 700%.
Somente após o aumento abusivo ser bombardeado dia e noite nas redes sociais, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) suspendeu a cobrança e emitiu novos boletos com valores menores.
O legislativo municipal é o parlamentar mais próximo do eleitor e precisa estar mais sensível para o humor do eleitorado, que se mostra a cada dia mais indignado com a manutenção da prática da velha política, de só ser lembrado a cada quatro anos.