O susto e a indignação do sul-mato-grossense com o aumento abusivo na conta de luz não acabou com o verão. A partir de segunda-feira, a tarifa de energia terá aumento de 12,39% em Mato Grosso do Sul – o índice é quatro vezes acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses e o 2º do País.
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Com o tarifaço de abril, o valor da tarifa convencional paga pelo sul-mato-grossense terá salto de 37 posições no ranking nacional, passando de 59º para 22º maior valor. Apesar do reajuste abusivo e do salto extraordinário, o preço ainda está longe do registrado em 2007, quando era o mais caro do País.
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A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou reajuste de 12,16% para as indústrias e de 12,48% para as residências. A Energisa MS havia solicitado correção de 15% na conta de luz.
No entanto, o índice aplicado na conta dos 1,018 milhão de clientes da companhia só é inferior aos 13,31% da CPFL Santa Cruz. Apenas os clientes da Energisa Borborema tiveram mais sorte com o reajuste, que será de 4,36%. Outras concessionárias foram autorizadas a elevar a tarifa entre 8,66% a 11,29%.
Além de ser o segundo maior índice autorizado neste ano no País, os 12,48% representam quatro vezes a inflação oficial de 3,78%, calculada pelo IPCA do IBGE. O salário mínimo teve aumento de 4,6%. Na prática, o cliente da Energisa MS vai ficar mais pobre, já que ganhará menos e destinará valor maior para pagar a conta de energia elétrica.
Atualmente, o valor da tarifa paga pelo sul-mato-grossense fique em 59º lugar entre as 104 concessionárias de energia elétrica. Com o aumento, o preço será o 22º mais caro, um salto de 37 posições no ranking nacional.
Em relação ao menor valor cobrado no território nacional, de R$ 0,338 pago pelos clientes da Coopera, em Santa Catarina, o sul-mato-grossense vai pagar 81,36% mais caro. O valor mais caro é cobrado no Rio de Janeiro, de R$ 0,87. A Energisa MS cobra 29,5% menos.
O tarifaço deve aumentar o descontentamento do consumidor, que entupiu o Procon de reclamações e engrossou as redes sociais com protestos contra o valor da conta no verão. Mais de 300 vereadores se sensibilizaram com as queixas e ensaiaram pressionar os deputados estaduais para criar CPI para investigar os motivos do aumento abusivo nas contas de luz no verão.
Em alguns casos, o valor da conta teve aumento de 700%. A companhia culpou o calor excessivo pelo aumento abusivo.
A CPI virou esperança porque em 2007, quando o valor pago pelo sul-mato-grossense era o mais caro do País, houve redução expressiva no preço cobrado pela Enersul.
Só que neste ano, os deputados estaduais foram convencidos pela Aneel de que não existe irregularidade na cobrança. A agência deve ter apostado na intuição ou no sexto sentido para ignorar as queixas da população sem qualquer averiguação.
Nesta quinta-feira, a senadora Simone Tebet (MDB) mostrou-se preocupada com o reajuste abusivo e chegou a se reunir com os conselheiros da Aneel.
“Entendemos que em 2018 o dólar registrou muita variação, mas, a inflação não chegou a 3%, então queremos saber qual a composição utilizada para chegar a um reajuste tão alto como o que foi aprovado em Mato Grosso do Sul”, questionou a emedebista, em entrevista ao Correio do Estado.
No entanto, seguindo o exemplo dos parlamentares estaduais, a senadora parece ter se conformado com a explicação. “Também me informaram que em alguns estados, os índices serão mais altos, chegando a 17%, dependendo da região e de qual usina adquirem”, afirmou, sinalizando que o reajuste ainda maior em outras regiões a convenceu de que o tarifaço é normal.
O resultado parece àquela história de que uma pessoa se conforma com a própria desgraça ao verificar que a do outro é maior.
De fato e concreto, o consumidor deverá revisar as cartilhas de como economizar energia elétrica para não levar outro susto ao pagar a conta em maio.