Pesquisa feita pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) aponta que houve piora nas condições das rodovias estaduais na gestão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Neste ano, nenhum trecho foi considerado ótimo ou bom, enquanto 68,4% são considerados ruim ou péssimo.
O levantamento mostra situação de calamidade em Mato Grosso do Sul, apesar do orçamento milionário do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento Rodoviário). O resultado é reflexo da mudança na destinação dos recursos pelo tucano, que passou a destinar a maior parte do montante para pavimentação e recuperação de vias urbanas.
Arrecadação do Fundersul
- 2015: R$ 468,4 milhões
- 2016: R$ 527,6 milhões
- 2017: R$ 470 milhões (até ontem)
Neste ano, conforme a pesquisa da CNT 2017, não houve nenhum quilômetro de estrada estadual considerado bom ou ótimo. Em 2015, primeiro ano da gestão tucana e reflexo da herança deixada pelo antecessor, André Puccinelli (PMDB), havia 1,9% em ótimas condições.
A CNT apontou que 53% dos 598 quilômetros pesquisados estavam em condições ruins. Há dois anos, 49% eram ruins. A quantidade considerada péssima saltou de 1,9%, em 2015, para 15,4% neste ano.
O trecho considerado regular representava 47,2% das rodovias estaduais há dois anos. Neste ano, somente 31,6% é considerado transitável, apesar de não atender todas as normas de segurança.
O resultado é estarrecedor para o governador, que assumiu com o apoio do setor produtivo, principalmente, dos produtores rurais, os principais responsáveis pelo Fundersul.
O fundo foi criado pelo governador Zeca do PT em 1999 e causou muita polêmica porque era mantido, basicamente, pelo binômio boi-soja. Produtores rurais protestaram, mas o Fundersul não só foi mantido pelos sucessores do petista, como ampliado para outros segmentos, como cana-de-açúcar e celulose.
Reinaldo não reduziu o peso do fundo sobre o agronegócio. No entanto, o tucano fez pior, tirou metade dos investimentos do Fundersul das rodovias e passou a direcionar para as cidades, que passaram a receber obras de pavimentação e recapeamento urbano por parte do Governo estadual.
Só esta mudança explica a piora drástica nas condições das rodovias estaduais, que estão em estado ruim ou péssimo em 68,4% da extensão, conforme a CNT.
Entre 2015 e este ano, o Governo estadual arrecadou R$ 1,4 bilhão por meio do Fundersul.
Apesar da arrecadação ter somado R$ 468,4 milhões no primeiro ano de gestão, o tucano suspendeu até as operações de tapa-buracos nas rodovias estaduais. A MS-156, entre Amambai e Caarapó, totalmente tomada por buracos, só começou a ser recapeada neste ano.
A situação só não foi pior porque o antecessor, André Puccinelli, comandou um grandioso programa de pavimentação e recapeamento de rodovias estaduais, que tiveram investimentos de R$ 1,2 bilhão.
No entanto, para infelicidade do sul-mato-grossense, parte das obras comandadas pelo ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, apresentaram problemas logo após a inauguração.
A rodovia entre Ponta Porã e Mundo Novo, por exemplo, foi totalmente recapeada. No entanto, a estrada virou um queijo suíço um ano depois, com os buracos causando acidentes e até mortes um ano após a inauguração.
As obras estão na mira da Polícia Federal, que apura a má aplicação do dinheiro obtido via BNDES na Operação Lama Asfáltica.