O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) deu tiro no pé ao apelar ao Supremo Tribunal Federal contra a delação premiada da JBS, que o acusa de receber R$ 38,4 milhões em propina. Além de perder de goleada na corte, já que sete dos 11 ministros votaram contra o pedido do tucano, ele conseguiu ganhar fama nacional como um dos quatro governadores envolvidos no mega esquema de corrupção.
O advogado de Azambuja, Gustavo Passarelli, recorreu ao Supremo para tentar mudar o relator da delação, ministro Edson Fachin, o mesmo da Operação Lava Jato. Ele também tentou anular a delação ao alegar que o ministro não poderia fazê-la de forma monocrática.
Como a estratégia de Reinaldo beneficiaria todos os acusados de corrupção, que inclui cinco ministros, seis senadores, dois ex-presidentes e o presidente Michel Temer, ele ganhou a companhia do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), o famoso homem da mala de R$ 500 mil.
Dos 11 ministros, sete já votaram e todos foram contra o pedido de Azambuja. O relator, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski votaram pela manutenção de Fachin no caso e pela validade da delação premiada.
Dos quatro que devem votar na próxima quarta-feira, o único voto quase certo a favor do pedido de Azambuja é o do polêmico ministro Gilmar Mendes. Ainda deverão votar Carmem Lúcia, presidente, Celso de Mello e Marco Aurélio.
Com a decisão a ser referendada pelo Supremo na próxima quarta, o governador de Mato Grosso do Sul será investigado pela Polícia Federal por supostamente cobrar propinas milionárias para conceder benefícios fiscais ao grupo JBS.
Reinaldo é o primeiro governador a se envolver em escândalo de corrupção no cargo em Mato Grosso do Sul. Wilson Barbosa Martins (PMDB), Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB) foram alvos de investigação após deixar o cargo.
A situação deve se complicar, porque a Polícia Federal deve ouvir outros empresários do setor de frigorífico, que já referendaram as denúncias feitas pela JBS.