O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, descartou denunciar o deputado federal Elizeu Dionizio (PSDB) por envolvimento na Operação Coffee Break, como ficou conhecida a investigação que desvendou esquema criminoso para cassar o mandato do prefeito Alcides Bernal (PP). O pedido de investigação foi feito pelo MPE (Ministério Público Estadual), que denunciou 24 políticos e empresários pelo suposto crime ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Conforme a denúncia encaminhada à Janot, Ronan Edson Feitosa revela que o então vice-prefeito, Gilmar Olarte, articulou o golpe com o apoio de empresários, que se sentiram prejudicados pela administração de Bernal.
Além dos vereadores, o então assessor jurídico da Câmara, André Scaff, participou do esquema que visava dar o golpe. Scaff foi secretário de Olarte e chegou a ser preso em duas operações do Gaeco contra a corrupção.
De acordo com Janot, não há indícios mínimos para a abertura de processo penal contra Dionízio pelo suposto envolvimento nos crimes de corrupção passiva e ativa e organização criminosa. Ele determinou o arquivamento da denúncia e, praticamente, livrou o deputado federal de qualquer envolvimento na Coffee Break.
A decisão de Janot foi encaminhada em dezembro, o que livra Dionízio de eventual processo quando voltar a planície. Ele é suplente do secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, que deverá deixar o cargo neste mês e reassumir o mandato na Câmara dos Deputados.
É a segunda vez que Dionízio é salvo no gongo das investigações envolvendo a cassação de Bernal. Ele foi relator da CPI do Calote e elaborou o relatório usado como peça-chave para dar o golpe em Bernal em 12 de março de 2014.
Além de Dionízio, o procurador-geral de Justiça, Paulo Cezar dos Passos, já foi acusado de proteger outros tucanos na investigação. Ele não denunciou a vice-governadora Rose Modesto, que chegou a ser flagrada em conversas com o então prefeito Gilmar Olarte. Ela ficou com a Secretaria de Educação na gestão do pastor. Após o caso ganhar repercussão, o procurador recuou e anunciou a continuidade da investigação contra os tucanos.